Dossier temático internacional da canção de protesto
Observatório da Canção de Protesto (INET-md)
Edição: Maria de São José Côrte-Real e Luís Vital Alexandre
Convidado Especial: Anthony Seeger
Autores: Anthony Seeger, Carina Oliveira, Gianira Ferrara, Giordano Calvi, Hugo Castro, João Ricardo Pinto, Layla Dari, Maria de São José Côrte-Real, Maria Espírito Santo, Pedro Mendes, Ricardo Andrade, Sofia Vieira Lopes
INET-md | FCSH/NOVA | Avenida de Berna 26-C | 1069-061 Lisboa | Portugal | saojose@fcsh.unl.pt
- Introdução
Maria de São José Côrte-Real - Prólogo
Ricardo Andrade e Maria de São José Côrte-Real - 1. Investigadores e Textos
Hugo Castro e Sofia Vieira Lopes - 2. Fonografia
Pedro Mendes e Anthony Seeger - 3. Organizações Internacionais
Gianira Ferrara e Layla Dari - 4. Espaços de Liberdade de Expressão
Giordano Calvi - 5. Filmografia – Ciclo de Cinema Música como Poder
Maria Espírito Santo, Pedro Mendes, Ricardo Andrade, Hugo Castro e Carina Oliveira - 6. Figura em Destaque – Pete Seeger
Hugo Castro, Ricardo Andrade e Anthony Seeger - 7. Detalhes de Internacionalização
Sofia Vieira Lopes e João Ricardo Pinto - Notas Biográficas dos Autores
ISBN do dossier: 978-989-99780-0-3
Prólogo
A Internacional, nascida como L’Internationale, representa movimentos laborais socialistas e comunistas visando construção de sociedades democráticas e igualitárias há quase 150 anos. O poema de Eugène Pottier, no rescaldo da Comuna de Paris (1871), e a música de Pierre De Geyter (1888) são reinterpretados por todo o mundo, agregando vozes no canto em manifestações e protestos políticos. Refletindo, a propósito deste hino, sobre música, nacionalismo e a construção da nova Europa, Philip Bohlman nota, em 2011, que a motivação de união, simbolizada nele por ideais de “fraternidade” e “humanidade”, apelava à resolução da crise e ao nivelamento das diferenças que produziriam uma supernação mais internacional do que nacional. O poema foi inspirado pela Associação Internacional dos Trabalhadores, Primeira Internacional, fundada em 1864. Esta organização unitária, de tendências socialistas, anarquistas, e republicanas, visava a conquista e defesa de direitos da classe operária a nível internacional. Após a cisão entre as fações socialista e anarquista da Primeira Internacional, a canção tornou-se símbolo da Internacional Socialista, Segunda Internacional (1889). Foi depois hino da República Socialista da Rússia, após a revolução bolchevique (1917). Foi adotada como hino da Internacional Comunista, Terceira Internacional (1919). Esta organização, criada em ruptura com a tendência social-democrata e reformista da Segunda Internacional, desenvolveu-se em prol da defesa das revoluções de inspiração leninista em todo o mundo. Em 1922, após a guerra civil russa que reforçou a instauração do poder bolchevique, foi instituída como hino oficial da União Soviética até à sua substituição em 1944. Símbolo mobilizador de luta, resistência e consolidação de poderes em momentos fulcrais da história política e social dos últimos dois séculos, em 2016 inspira e nutre outras estratégias institucionais de relação humana em rede de relacionamento e documentação académica e estudo em numerosos locais, envolvendo arquivística, arte, patrimonialização, economia e, sobretudo, ação política intelectualmente empenhada.
Ricardo Andrade e Maria de São José Côrte-Real
Referência citada:
- Philip V. Bohlman (2011). Music, Nationalism and the Making of New Europe (2ª ed.). Nova Iorque e Londres: Routledge, p. 18.
Introdução
O Dossier Temático Internacional 1 da Canção de Protesto, no plano de atividades do primeiro ano do Observatório da Canção de Protesto (OCP) a cargo do Instituto de Etnomusicologia (INET-md) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, surge no seguimento da Conferência Internacional Canção de Protesto e Mudança Social – ICPSong’16. Foi concebido em colaboração com o representante internacional do Conselho Consultivo do OCP, Anthony Seeger, convidado especial nesta edição; e realizado por uma equipa de investigadores do Curso de Doutoramento em Etnomusicologia da FCSH/NOVA, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. O dossier Internacional é constituído por sete pontos precedidos de um prólogo celebrativo do conceito que o identifica. A informação em cada ponto, a atualizar em cada ano, apresenta, relativamente ao tópico canção de protesto e ao seu contexto em termos de produção musical socialmente empenhada, pequenos textos introdutórios e respetivos conteúdos, contemplando: (1) investigadores e textos associados a conferências ou a publicações; (2) fonografias em arquivos públicos ou privados; (3) organizações internacionais especialmente atentas a indivíduos e a músicas relacionadas com o tópico; (4) espaços de liberdade de expressão, físicos ou virtuais; (5) filmografias, iniciando o ciclo de cinema Música como Poder, que mostra os filmes selecionados em programação anual; (6) uma figura em destaque com representação internacional e especial relação com Portugal e (7) detalhes de internacionalização, referindo acontecimentos, músicos e/ou projetos musicais de significado internacional. Longe de uma representação exaustiva, a informação selecionada e apresentada neste dossier temático visa aproximar os leitores da dimensão internacional do tópico em foco em perspectivas direta ou indiretamente relacionadas com o universo amplo que a noção de canção de protesto invoca no OCP, e que inclui sobretudo contextos políticos de resistência, revolução e consciência social.
Maria de São José Côrte-Real
1. Investigadores e Textos
A Conferência internacional Songs of Social Protest foi organizada pelo grupo de investigação “Popular Music and Popular Culture” da Universidade de Limerick, Irlanda, juntamente com o grupo de discussão “Power, Discourse and Society” da International Association for the Study of Popular Music (IASPM) e decorreu entre os dias 29 de Abril e 1 de Maio de 2015 na Universidade de Limerick. O objetivo principal anunciado foi a discussão de canções de protesto social a partir de perspetivas globais, numa abordagem que, refere o programa, teve em conta os contextos radicais da música como foco central de análise de processos de empoderamento e de falta de poder na sociedade neoliberal atual. A premissa desta Conferência partiu da ideia de que a cultura popular e a música em particular, podem reproduzir ou contestar o status quo político e cultural das sociedades contemporâneas por todo o globo. Com um carácter assumidamente interdisciplinar, foram apresentadas cerca de c.70 comunicações que abordaram vários contextos históricos e geográficos e focaram diversas temáticas relacionadas com questões de género musical associadas ao protesto social, desde questões de definição e tipologia; potencialidade e eficácia da música; performance; mediação e indústrias musicais; movimentos e impactos sociais e políticos; entre outros. Contou com a participação especial de Jonathan Friedman e Melissa Hidalgo como oradores principais e uma oficina de escrita de canções de protesto por Mike Wilson.
Hugo Castro
A Conferência Internacional Canção de Protesto e Mudança Social – ICPSong’16, no plano de atividades do Observatório da Canção de Protesto (OCP), foi organizada pelo Instituto de Etnomusicologia (INET-md/FCSH/NOVA) com as instituições do OCP: Instituto de História Contemporânea (IHC/FCSH/NOVA), Câmara Municipal de Grândola, Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG), Associação José Afonso (AJA) entre 15 e 17 de Junho de 2016 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/NOVA em Lisboa, Portugal. Os três tópicos anunciados – resistência, revolução e consciência social – foram apresentados por convidados principais em abordagens teóricas e performativas à problemática da música enquanto veículo de ideologias, referindo contextos contemporâneos: David McDonald (Indiana University, Bloomington, USA) sobre o papel da música na resistência palestiniana; Michael Frishkopf (University of Alberta, Canada) acerca da música nas novas revoluções árabes; e Noriko Manabe (Temple University, USA) sobre canções e movimento antinuclear no Japão. A componente performativa fez-nos trabalhar prática coral e de construção de redes de ação musical, respetivamente com Vítor Lima (Academia de Música e Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, Portugal) a partir de Canções Heróicas de Lopes Graça e Mário Correia (Centro de Música Tradicional Sons da Terra, Sendim, Portugal) a partir de sociabilização em contexto transfronteiriço no nordeste transmontano. Os c.60 investigadores de 16 países diversificaram a participação em apresentações individuais, painéis temáticos, workshops performativos, mesas redondas com convidados especiais (intervenientes na cena musical portuguesa), e momentos públicos de entrada livre, com passeios por locais associados à revolução de 1974 em Lisboa e em Grândola, concertos na FCSH e nas ruínas do Convento do Carmo em Lisboa e confraternização musical em Grândola. A exposição Discos na Luta, com c.200 originais de capas de discos da paisagem sonora portuguesa da revolução de 1974 incluindo uma cabine acústica de recolha de memória viva, constituiu um ponto alto desta conferência.
Sofia Vieira Lopes
2. Fonografia
Struggle & Protest Songs é uma categoria musical no catálogo on-line da Smithsonian Folkways (SF), uma editora discográfica do Smithsonian Institute, EUA, fundada em 1987 com a aquisição do legado de Moses Asch integrado na sua editora Folkways Records (1949-1996). A SF foca-se no apoio à diversidade cultural, à educação e à promoção do conhecimento entre diferentes povos através do som. Quase todas as gravações produzidas na Folkways e nas outras editoras discográficas estão disponíveis como serviço público. Desde 1987 a Smithsonian tem incluído outras editoras discográficas independentes (a Paredon – fundada por Barbara Dane e Irwin Silber que produziram discos de nueva canción da América Latina e de canções livres de Angola entre outros, a Collector, a colecção UNESCO de Música Tradicional, e a Arhoolie) que produziram música de luta e protesto para a Folkways original. A discográfica tem um catálogo longo (c.3000 álbuns e mais de 40,000 faixas), numa ampla variedade musical. É possível aceder à lista dos álbuns, e descarregá-los. Esta categoria conta com mais de 200 títulos (1940-2016). A maior parte das gravações foi produzida nos EUA, mas algumas são provenientes de outras partes do mundo: Reino Unido e América Latina principalmente. Nesta lista encontram-se nomes de cantores e cantautores como Pete Seeger, com as suas notas próprias, Woody Guthrie, Barbara Dane, Bernice Johnson Reagon, Phil Ochs ou Joe Glazer, entre outros. Uma parte destes títulos testemunha momentos históricos e envolvimento político de diferentes grupos sociais em diferentes países. A SF paga os custos de produção e de direitos aos artistas e aos compositores, não recebendo subvenções do estado. No seu website é possível ouvir excertos curtos das faixas e descarregar os textos de todas as canções, e consultar a revista que tem publicado artigos sobre música de protesto, planos de aulas para educadores e vídeos gratuitos.
Pedro Mendes e Anthony Seeger
3. Organizações Internacionais
Freedom of Musical Expression (FREEMUSE) é uma organização não governamental internacional baseada em Copenhaga, Dinamarca, cujo intuito, segundo informação no website próprio, é investigar, documentar e denunciar censura musical a nível mundial. Fundada na Primeira Conferência sobre Música e Censura (Copenhaga, 1998), a FREEMUSE defende a liberdade de expressão dos músicos e dos compositores vítima de censura dos sistemas políticos, religiosos, educativos e familiares, entre outros; e reivindica a possibilidade de participarem na vida cultural dos seus países, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que fornece à organização os seus princípios orientadores. Em 2000 a FREEMUSE instituiu o seu secretariado e em 2011 participou na criação de uma rede internacional (ARTSFEX) que envolve diferentes organizações empenhadas na defesa da liberdade de todas as expressões artísticas, da qual também faz parte. A FREEMUSE coopera com a ICORN, uma rede de cidades que oferecem e garantem aos artistas incolumidade, proteção e possibilidade de exercer a profissão de forma segura. O trabalho desenvolvido pela FREEMUSE conflui em diferentes tipos de publicações sobre os mecanismos de censura existentes nos diferentes países: relatórios, livros, edição de CDs, e produção de filmes, entre outros. O site da organização acolhe entrevistas realizadas com músicos bem como notícias atuais referentes às lutas de artistas ativistas em todo o mundo. A FREEMUSE é ativa na organização de campanhas de sustento de músicos e compositores perseguidos ou em risco de perseguição. Assinala os casos de censura às autoridades competentes e dá visibilidade aos músicos através de festivais, conferências ou eventos como o Music Freedom Day realizado anualmente. A organização ajuda também os músicos a obter apoio legal e financeiro. A FREEMUSE é financiada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega, pela Fundação Fritt Ord e pelo Centro para a Cultura e o Desenvolvimento (CKU) dinamarquês.
Gianira Ferrara e Layla Dari
The International Cities of Refuge Network (ICORN) é uma organização que agrupa cerca de cinquenta cidades e cujo objetivo é, segundo informação no website respetivo, oferecer proteção e refúgio a escritores e artistas vítima de censura e perseguidos pela sua atividade artística considerada subversiva. A ideia de criar uma rede de cidades foi originalmente implementada pela organização Cities of Asylum Network (INCA) cuja constituição foi impulsionada em 1993, pelo assassinato de alguns escritores na Argélia. A INCA operou com êxito até 2005 e a partir de 2006 a ICORN deu seguimento ao seu trabalho. Em 2010 a ICORN, com sede em Stavanger, Noruega, tornou-se uma organização independente e desde 2014 começou a acolher artistas e músicos, para além de escritores. A ICORN faculta residências para artistas perseguidos, garantindo-lhes liberdade de expressão; promove os seus trabalhos e divulga-os amplamente. Desenvolve a sua atividade em articulação com outras instituições a nível local, nacional e internacional de forma dinâmica e flexível. No que diz respeito à proteção dos músicos, a ICORN colabora com duas outras instituições: a FREEMUSE e a SafeMUSE. Os artistas podem candidatar-se ao acolhimento e, uma vez avaliadas as suas condições de risco, a ICORN estabelece acordos com as cidades que pertencem à rede. A ICORN sustenta-se através de doações de instituições privadas e públicas, tendo um “fundo de emergência” para o qual todas as pessoas podem contribuir. Qualquer cidadão pode solicitar à sua própria cidade a adesão à rede ICORN hospedando um artista e mediando a sua liberdade de expressão artística; as cidades podem tornar-se membros da organização mediante pagamento de uma cota e empenhando-se na colaboração para a promoção/disponibilização de condições logísticas para a permanência e a segurança dos artistas.
Gianira Ferrara e Layla Dari
4. Espaços de Liberdade de Expressão
Harstad: Safe Haven City, Noruega representa segurança para músicos perseguidos. No Norte da Noruega, tornou-se a primeira Safe Haven City (Cidade Porto Seguro) para músicos no mundo em 2014. A presidente da câmara Marianne Bremnes, explicou-nos como se deu o processo, semelhante ao da cidade vizinha – Tromsø – para autores e escritores: “quando a SafeMUSE em Oslo nos pediu para sermos o primeiro Porto Seguro para músicos, concordámos imediatamente porque Harstad tem muitos músicos profissionais e um ambiente realmente bom para eles. Nós somos uma cidade cultural e por isso pensamos ter sido boa ideia tornarmo-nos uma Cidade Porto Seguro”. Estão ligados à SafeMUSE, uma organização sem fins lucrativos fundada em Oslo e gerida por Jan Lothe Eriksen. Em colaboração com a FREEMUSE, entraram em contacto com um músico perseguido que foi então hospedado em Harstad. A organização ICORN ajuda com as permissões governamentais necessárias e o músico recebe permissão permanente para viver na Noruega, emprego, salário e a possibilidade de tocar e gravar a sua própria música. É previsto que esta situação dure dois anos, findos os quais o músico deve procurar o seu próprio futuro, mantendo-se na Noruega. Durante estes dois anos, a rede procura um novo músico em perigo. Anualmente realiza-se o Music Freedom Day (Dia da Liberdade da Música) com conferências e concertos com músicos de todas as partes do mundo. Harstad hospeda agora Abazar Hamid, um músico sudanês que colabora com músicos locais e gere um coro intercultural de crianças chamado “Freedom Choir” (Coro Liberdade). Sendo uma Cidade Porto Seguro, Harstad enriqueceu a vida das pessoas dando possibilidade de vida calma a músicos perseguidos. Abazar Hamid é agora um músico muito conhecido em Harstad, e, como Marianne Bremnes diz: “ele fez muitas coisas que nós não teríamos feito sem ele. Ele faz a diferença”.
Giordano Calvi
5. Filmografia
Música como Poder é o Ciclo de Cinema do Dossier Temático Internacional do Observatório da Canção de Protesto (OCP) organizado pelo Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/NOVA). Conta com a apresentação e debate de filmes especialmente selecionados, nos quais música e poder tomam lugar de destaque, ao fim da tarde na FCSH. Inaugura em 2016/17 com a colaboração especial de Anthony Seeger e conta com a apresentação de quatro filmes na terceira quinta-feira de cada mês no Auditório 1 da FCSH entre as 17:00 e as 20:00h. Cada sessão do ciclo conta com a participação de um convidado especial, relacionado com o respetivo filme.
Maria Espírito Santo, Pedro Mendes, Ricardo Andrade e Hugo Castro
Pete Seeger: The Power of Song (2007) | 15 Dez. | 17.00H | Auditório 1 | FCSH/NOVA
O filme documentário acerca da vida e música do cantor folk, coletor e escritor Pete Seeger, mostra como ele encabeçou um revivalismo americano do folk defendendo este tipo de música como património vital, e dedicando a sua vida ao uso do poder da canção como força de promoção de mudança social. Através de entrevistas com artistas como Peter Yarrow, Bruce Springsteen, Joan Baez, Bob Dylan, Natalie Maines e membros da sua família, o filme The Power of Song introduz o espectador na vida e obra de Pete Seeger. Trata-se de uma abordagem exaustiva à habilidade que a música, particularmente a chamada música folk, tem para mudar sensibilidades. Os produtores executivos do filme foram Toshi Seeger, a mulher de Pete Seeger, aos 85 anos, e Norman Lear.
O Convidado Especial Anthony Seeger é Professor Distinto e Emérito de Etnomusicologia da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA). Diretor Emérito da Smithsonian Folkways Recordings, Smithsonian Institution, no ativo entre 1988 e 2000 e Investigador Associado do Smithsonian Institution Center for Folklife and Cultural Heritage. Durante a maior parte da sua vida profissional agiu como investigador socialmente ativo nos campos da Antropologia, da Etnomusicologia e do Arquivo de Materiais Audiovisuais. Os seus numerosos artigos publicados focam assuntos de direitos territoriais e humanos dos índios brasileiros; arquivística, propriedade intelectual, património cultural imaterial e teoria e método da Etnomusicologia. Licenciou-se na Harvard University e fez o doutoramento em Antropologia na Chicago University. Neto do influente compositor e musicólogo Charles Seeger e sobrinho dos músicos folk Pete, Mike and Peggy Seeger, Anthony Seeger tem sido apoiante incansável da música do mundo. Cresceu tocando banjo de 5 cordas e cantando, escrevendo e ensinando canções de protesto. Foi investigador e docente no Departamento de Antropologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro (1975-1982) e na University of Indiana (1982-1988).
Maria Espírito Santo e Tony Seeger
L’Internationale (2000) | 16 Fevereiro | 17.00H | Auditório 1 | FCSH/NOVA
O filme The Internationale, realizado por Peter Miller e publicado em 2000, traça a história e os diversos usos da famosa canção revolucionária escrita por Eugène Pottier e Pierre de Geyter no século XIX. Partindo do caso da Comuna de Paris, passando pela Revolução Soviética e pela Guerra Civil Espanhola, este documentário conta com a participação de vários músicos (Pete Seeger, Billy Bragg, e.o.) e intervenientes de várias circunstâncias de agitação política em vários pontos do globo. The Internationale procura expor a dimensão catalisadora e mobilizadora da prática musical enquanto factor que pode contribuir para o efetivar de processos de mudança social, servindo-se deste famoso hino enquanto exemplo.
O Convidado Especial Ruben de Carvalho (n. 1944), jornalista, é, desde a década de 1960, autor de diversas publicações sobre vários domínios da música popular, as quais passam pelo fado, pela música tradicional de diversas regiões e pelo pop-rock, entre outros. Foi membro das equipas de redação dos periódicos Vida Mundial e O Século, e foi chefe de redação do semanário Avante!, órgão oficial do Partido Comunista Português (PCP), entre 1974 e 1995. É membro da Comissão Organizadora da Festa do Avante! desde a sua primeira edição em 1976, e membro do Comité Central do PCP.
Ricardo Andrade
Mudar de Vida (2014) | 16 Março | 17.00H | Auditório 1 | FCSH/NOVA
Mudar de Vida: José Mário Branco, vida e obra, é um documentário estreado em 2014, realizado por Pedro Fidalgo e Nelson Guerreiro, que se centra no percurso musical, artístico e político de José Mário Branco (n. 1942). Este filme explora algumas das várias facetas do músico, desde a sua necessidade de exílio político e estadia em França nos inícios da década de 1960, passando pelo seu ideário e usos da canção enquanto forma de sensibilização política e social, tanto no contexto migratório como no pós-25 de Abril de 1974, assim como pelas suas colaborações com diversos artistas em vários domínios de produção.
Ricardo Andrade
Music is the Weapon (1982) | 18 Maio | 17.00H | Auditório 1 | FCSH/NOVA
O filme documentário acerca da vida e música do nigeriano Fela Anikulapo Kuti (1938-1997) mostra a influência que o músico teve no desenvolvimento de diversas práticas musicais contemporâneas em África. Através de entrevistas realizadas ao músico e a familiares mais próximos deste e de atuações, o documentário realça a importância da criação do Afrobeat, termo cunhado por Fela Kuti para designar uma nova expressão de fusão sonora que surge aqui associada a diversas referências musicais e políticas. O filme demonstra a postura ativista que o músico assumiu ao longo da sua vida, tornando-se uma referência incontornável da música africana. Music is the Weapon é uma produção francesa e foi realizado por Jean-Jacques Flori (1928-1997) e Stephane Tchalgadjieff (1942-).
O Convidado Especial Michael E. Veal é docente na Yale University desde 1998. Antes tinha lecionado no Mount Holyoke College (1996 – 1998) na New York University (1997-1998). O seu trabalho tem abordado tópicos na esfera cultural de África e da diáspora Africana. A sua biografia de Fela Anikulapo-Kuti (2000) usa a vida e a música deste músico africano influente para explorar temas de pós-colonialismo africano, usos políticos da música em África e a diáspora Africana. O seu próximo livro Wait Until Tomorrow aborda períodos sub-documentados nas carreiras de John Coltrane e Miles Davis que incluem intervenções estilísticas de “jazz livre” e “fusão jazz-rock,” e propõe a linguagem da arquitetura digital para sugerir novas direções na análise do jazz.
Hugo Castro
6. Figura em Destaque
Pete Seeger, ativista político e figura central da música folk norte-americana do século XX, foi de particular interesse para figuras ligadas à prática e divulgação musicais em Portugal. Ruben de Carvalho, jornalista, membro do Comité Central do Partido Comunista Português, fulcral na organização da Festa do Avante! desde a primeira edição em 1976, foi um dos principais responsáveis pelo único concerto que Seeger deu em Portugal, a 02 de Dezembro de 1983, no Pavilhão dos Desportos em Lisboa. Após várias tentativas de contacto por parte de Ruben de Carvalho, Seeger, através do seu agente Harold Leventhal – o qual tinha representado alguns dos nomes maiores da folk norte-americana, como Woody Guthrie, Joan Baez, Peter, Paul & Mary – concordou em realizar um concerto em Portugal. Para tal, foi organizada em Lisboa uma comissão de trabalho que contava, para além de Ruben, com vários jornalistas, radialistas e músicos, entre eles António Macedo, Daniel Ricardo, João Paulo Guerra, José Jorge Letria, e Sérgio Godinho, ficando Augusto Sobral a cargo do cenário de palco. A fim de melhor efetivar a comunicação entre músico e audiência, foi usado um ecrã de projeção de diapositivos com as letras das canções apresentadas por Seeger, intervaladas com desenhos criados pelo artista Rogério Ribeiro. Tendo em conta os arranjos de algumas das canções de um LP duplo de Seeger com Arlo Guthrie então recém-publicado, intitulado Precious Friend, e na incerteza de que o típico formato de apresentação a solo do músico não resultasse com sucesso num país não-anglófono, Seeger foi acompanhado em alguns temas pelos músicos Zé da Ponte, Júlio Pereira e Guilherme Inês. O concerto foi um êxito tanto a nível de bilheteira como de participação por parte do público, cujo entusiasmo é notório no registo sonoro do evento publicado em LP, já no ano de 1984.
Ricardo Andrade, Hugo Castro e Anthony Seeger
7. Detalhes de Internacionalização
O Prémio Nobel da Literatura Bob Dylan em 2016 quebrou fronteiras. A primeira diz respeito à literatura. Os momentos subsequentes ao anúncio confirmaram-no nos meios de comunicação, principalmente nas redes sociais. A fervorosa discussão demonstrou que é importante refletir sobre o que é a literatura. A segunda é a do conceito de canção. Sendo um produto criativo no qual se associam elementos sonoros: palavras, a sua articulação e sustentação melódica, rítmica, tímbrica, condicionantes de produção e recepção diversos, entre outros, que sentido faz separá-los e reduzi-los a formatos expressivos parciais. Ao que parece, para a Academia Sueca, a canção é isso mesmo, um somatório de elementos sonoros, no qual a palavra – unidade literária essencial – significa bastante. Seria o elemento literário – transcrito em palavras – das criações de Bob Dylan algum dia reconhecido como prémio Nobel se não se tivesse desenvolvido em canções? As fronteiras da categorização tornaram-se campo de batalha intelectual. A discussão envolve comentadores anónimos das redes sociais ou jornalistas mais ou menos legitimados. A importância do acontecimento é central na análise dos eventos em torno do Prémio Nobel da Literatura de 2016. Se ao longo da história os prémios agregaram categorias em ramos de conhecimento e ação, hoje, o caso de Bob Dylan e do comportamento expressivo premiado gera fragmentações. O cerne de discussão é não só a ação de um criador musical popular e crítico, como o facto de a ordem estabelecida ter sido inexoravelmente abalada. Haja maior ou menor acordo na atribuição do prémio a Bob Dylan, a sua importância pelas questões que coloca está na ordem do dia. O conhecimento reconheceu a arte popular. Nem a canção crítica nem a literatura serão o que eram até 13 de outubro de 2016. Parabéns à Academia Sueca pelo arrojo e a Bob Dylan pelas canções corajosas!
João Ricardo Pinto
Batida no ativismo angolano é um projeto de música, dança e vídeo que alerta sobre injustiças sociais em Angola. Começou como programa de rádio, transformou-se em álbum e como espetáculo viaja entre Portugal e o mundo. O interesse do seu mentor Pedro Coquenão por música, rádio, dança, vídeo e documentário determinou-o em 2007 e em 2009 estreou. Editada e distribuída internacionalmente pela Soundway Records, Batida reúne músicos angolanos e portugueses. A sua ligação às manifestações populares em Angola e a denúncia das injustiças do regime fizeram com que entrasse na “lista negra” em Angola e passasse a ser ouvida apenas em circuitos clandestinos. Em entrevista ao Público (26/03/2012), Coquenão referiu que “há sempre um lado de mensagem”, sublinhando o papel que os artistas desempenham na sua “celebração” que “já tem um lugar no mercado” e “já faz parte da cultura”; e que os artistas necessitam de maior divulgação e proteção uma vez que a realidade angolana é “bruta”: os artistas mais expostos podem sofrer represálias, ficar sem amigos ou sem emprego, porque ir a um concerto “já é, por si só, um ato de coragem”. Coquenão partilha o palco com outros músicos, MCs e bailarinos, recorrendo a projeções de vídeo para ampliar as narrativas. A colaboração com Luaty Beirão (que assina Iknoclasta ou Brigadeiro Mata Frakuzx) é exemplo disso. Este rapper, filho de elites angolanas, detido em 2015 e este ano condenado, publicou recentemente o seu diário em que relata a prisão, afirmando que não esperava a projeção internacional desta denúncia do que considera ser um status quo injusto. Batida atua em festivais em Portugal (FMM e MED) e por toda a Europa, recebendo prémios internacionais: melhor artista no Songlines Music Awards; melhor álbum europeu indie nos Impala Awards; melhor espetáculo em festivais de música pela revista Les InRockuptibles.
Sofia Vieira Lopes
Quando a gente muda, o mundo muda com a gente, Gabriel, o Pensador é um rapper, compositor e escritor brasileiro. Lançado em 1992 pela Sony Music com Tô Feliz (Matei o Presidente) numa postura política crítica foi, em pouco tempo, censurado pelo regime de Collor de Mello, que diretamente visava. O Ministério da Justiça considerou que esta música continha frases ofensivas e apelava ao assassinato do presidente. Três anos depois, o seu segundo álbum provocou uma polémica no meio dos profissionais de educação devido ao conteúdo da letra da canção Estudo Errado que questionava os métodos tradicionais de ensino: “Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci / Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi”. Como o próprio assinalou, foi o convívio enquanto jovem com os habitantes da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, que o alertou para as desigualdades sociais levando-o a interessar-se por rap. Crítico relativamente ao status quo, as suas músicas abordam temas socialmente relevantes como o alcoolismo e as dependências, o desemprego, a saúde pública, a marginalidade, o racismo, a liberdade, a pobreza, entre outros, principalmente a partir de metáforas, jogos de palavras, sátira e ironia. Marcados pela consciência social e política, os seus trabalhos têm contado com participação de outros músicos como Martinho da Vila, Zeca Baleiro, Fernanda Abreu, ou Titãs. Gabriel destaca-se na escrita para crianças com vários projetos de intervenção social e luta de vida. O seu trabalho atingiu grande sucesso em Portugal depois de ter ganho o Troféu Imprensa para melhor cantor no final da década de 1990. O seu trabalho como músico e escritor tem sido galardoado, destacando-se no MTV Video Music Brasil.
Sofia Vieira Lopes
Ana Tijoux canta pela condição feminina entre outras preocupações sociais. A cantora franco-chilena evidencia-se contra a objetificação feminina. Filha de chilenos obrigados ao exílio em Paris durante a ditadura de Pinochet, viveu a infância em França, estabelecendo-se no Chile depois da queda do regime ditatorial, onde iniciou carreira como MC no grupo Makiza em 1997. Este grupo, com o qual gravou três álbuns, ficou conhecido pela crítica ao regime militar chileno, abordando temas tabu até então. O êxito no país foi enorme. No início dos anos 2000 viajou novamente para Paris e em 2007 iniciou carreira a solo. Tal como refere na sua página no Facebook, “que no es tan solista puesto que trabajo con mas personas”. Desde 2007 gravou três discos, sendo o último nomeado para um Grammy Latino na categoria de Música Urbana. Tijoux tomou contacto com o hip-hop nas visitas aos bairros de imigrantes senegaleses, marroquinos, argelinos e de outros pontos de África em Paris, enquanto acompanhava o trabalho da sua mãe, destacada socióloga. Numa entrevista à Harvard Gazet afirma que neste contexto de deslocação, o hip-hop se tornou uma espécie de pátria para aqueles que não a têm. Os seus raps versam sobre questões sociais, com temas como anti-colonialismo, feminismo, anti-objetificação feminina, neoliberalismo e resistência, cruzando diversos elementos musicais, usando flautas de pan, charangos e outros instrumentos da América Latina. Influenciada pela música de Violeta Parra, Anita afirma que o hip-hop é a sua forma de reagir contra o status quo. Para além dos concertos em diversos países, e em Portugal onde tocou no FMM (Sines) em 2015, e no Ciclo Mundo FMM/INATEL (Lisboa) em 2016, a sua música cruzou fronteiras na série televisiva Breaking Bad, da HBO, e nas colaborações com músicos como a palestiniana Shadia Mansour, entre outros.
Sofia Vieira Lopes
Mostafa Anwar Swapan, embalado pelas velhas canções do poeta rebelde Kazi Nazrul Islam (em gravações dos anos de 1920), aprendeu música, a partir dos 5 anos, no seio da sua família em Patuakhali, no Bangladesh, para se tornar ativista da revolução nacional no Grupo Cultural da Universidade de Dhaka (DUCT). Vivendo atualmente entre Lisboa e a sua cidade natal, por razões académicas, este cantor e autor de canções de protesto Bengali é físico de formação. Os valores humanistas, de liberdade e paz que professa, enraízam-se na luta pelos direitos humanos na formação do Bangladesh como nação independente. Mostafa lembra o papel dos lendários Prof. Dr. Abu Hena Mostafa Kamal, Sheikh Lutfur Rahman, Samar Das e do seu Guru Ajit Roy, e o trabalho que desenvolveu com a lenda viva, seu músico favorito e mentor, Sujeo Shyam; como todas as canções patrióticas e de protesto destes importantes músicos bangla o marcaram, ajudando a definir os valores humanistas que o guiam ao longo da vida. Lembra como a polícia assassinou a tiro Noor Hossain enquanto envergava, no próprio corpo, os slogans Libertem a Democracia, e Abaixo o Ditador, respetivamente no peito e nas costas. “Este foi um momento trágico e heróico para todos os que, tal como eu, faziam parte do movimento pró-democracia. Tornámo-nos testemunhas de um novo Bangladesh numa unidade inflamada e sem precedentes contra o regime militar. No mesmo dia, compus a minha primeira e mais famosa canção de protesto, Let the Democracy be Free, Let the Dictator be Down, transpondo a força, aspirações e emoções reais desse movimento. Em 2000 Shyamol Kanti Chowdhury dirigiu, arranjou e publicou um álbum intitulado Swadesh Premer Gaan: The Songs for Motherland com 13 das minhas canções de protesto compostas maioritariamente durante a nossa participação no DUCT, interpretadas por maravilhosos colegas, co-artistas e amigos.”
Sofia Vieira Lopes
Fernando Lopes-Graça e a dimensão internacional da sua reflexão musical é uma preocupação que a análise de Mário Vieira de Carvalho (MVC) captou com especial clarividência no livro Pensar a Música, Mudar o Mundo em 2006. A natureza internacional da reflexão de Lopes-Graça que se via a si próprio como músico de ação, ideia que expressou ligar diretamente, em 1945, ao que viria mais tarde a designar-se como música de protesto, perpassava todos os tipos de música com que lidou, do contexto mais erudito ao mais popular, nunca desprovido de consciencialização social. A rejeição de uma identidade nacional hegemónica fez com que olhasse a música tradicional como fonte de potencialidades, testemunho da “acção vivida”, experiência social, inesgotável nas disrupções, idiossincrasias e inquietações inerentes. Lopes-Graça considerava que a universalidade da música reside no seu valor de diferença, como conjunto de individualidades, identidades em constante mutação e diálogo, numa dialética entre o local e o universal porque, como sublinha Vieira de Carvalho, “o florescimento do nacional supõe (…) uma interacção com o universal baseada numa relação de liberdade e não de dominação, assim como, por outro lado, o florescimento do universal só é possível aceitando e promovendo as diversidades nacionais (ou culturais)”(MVC:25). Lopes-Graça entendia que é da forte ligação ao local que pode nascer a dimensão universal: “um compositor torna-se universal porque é representativo duma idiossincrasia, de uma experiência histórica” (MVC:135); e que a possibilidade de, “…partindo do material popular nacional, se chegar a uma música de um profundo e humano universalismo”, faz com que se observe a diferença contra-hegemónica, rejeitando uma “contrafacção folclórica” valorizadora apenas do pitoresco. O testemunho de Graça, de constante interrogação e intervenção, porque a identidade artística é “produto de uma equação entre o artista e o seu meio” (MVC:13, 14), revela ligação intrínseca entre pensamento e mudança.
Sofia Vieira Lopes
Referência citada:
- Vieira de Carvalho, Mário (2006). Pensar a música, mudar o mundo: Fernando Lopes-Graça. Porto: Campo das Letras.
Notas Biográficas dos Autores
Ana Carina Oliveira é arquiteta e ilustradora freelancer. Fez o Mestrado Integrado em Arquitectura na Universidade do Minho. Tem vindo a desenvolver atividade em diferentes domínios artísticos e performativos tais como a ilustração, a pintura e o teatro. Colabora em diversos projetos associativos relacionando artes e direitos humanos.
Anthony Seeger é Professor Emérito de Etnomusicologia, aposentado, da Universidade da California Los Angeles (2000-2012). A sua ação tem sido socialmente empenhada em Antropologia, Etnomusicologia e Arquivo de Materiais Audiovisuais, focando temas como direitos humanos e de propriedade para índios brasileiros, propriedade intelectual, património cultural intangível e teoria e método da Etnomusicologia. Licenciado pela Universidade de Harvard, fez o doutoramento em Antropologia na Universidade de Chicago. Neto do influente compositor e musicólogo Charles Seeger e sobrinho dos cantores folk Pete, Peggy e Mike Seeger, Anthony Seeger cresceu tocando banjo de cinco cordas e cantando canções de protesto. Hoje ensina e escreve sobre o tópico. Foi investigador e professor no Departamento de Antropologia no Museu Nacional no Rio de Janeiro (1975-1982) e na Universidade de Indiana (1982-1988). Foi Diretor da Smithsonian Folkways Recordings na Smithsonian Institution (1988-2000).
Giordano Calvi, natural de Bergamo (Itália) a viver entre Lisboa e Oslo por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Musicologia pelo Departamento de Musicologia e Património Cultural de Cremona (2015) com uma tese dedicada ao estudo de música e política. É doutorando em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo das emoções extremas no black metal em Portugal. É bolseiro no Curso de Doutoramento “Música como Cultura e Cognição”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Toca trompete em diferentes bandas filarmónicas e na banda de música klezmer, Volks Populi.
Gianira Ferrara, natural de Palermo (Itália), a viver entre Lisboa e Maputo, por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2015) com uma tese dedicada ao estudo das relações entre música, memória e processos migratórios, focando as práticas expressivas entre os “migrantes da descolonização” angolana. É doutoranda em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo das práticas expressivas da timbila no Sul de Moçambique. É bolseira do Curso de Doutoramento “Música como Cultura e Cognição”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e integra a equipa internacional de investigação do projeto Timbila, Makwayela e Marrabenta: um século de representação musical de Moçambique. Concurso de Projetos de I&D (FCT). PTDC/CPC-MMU/6626/2014.
Hugo Castro, natural de Guimarães, a viver entre Guimarães, Lisboa, Madrid e Galiza por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2012) com uma tese dedicada ao estudo da produção fonográfica da canção de protesto em Portugal. É doutorando em Etnomusicologia no departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo das relações entre música e política no contexto da Revolução dos Cravos em Portugal (1974-76). É bolseiro no Curso de Doutoramento “Música como Cultura e Cognição”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. É colecionador de discos de protesto, tendo co-organizado recentemente com Alcina Cortez e Maria de São José Côrte-Real a exposição Discos na Luta no âmbito da Conferência Internacional Canção de Protesto e Mudança Social – ICPSong’16, da iniciativa do Observatório da Canção de Protesto na FCSH/NOVA.
João Ricardo Pinto, natural de Lisboa, onde vive, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2012) com uma tese dedicada ao estudo da performação musical e identidade bairrista nas Marchas Populares de Lisboa. É doutorando em Etnomusicologia no departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo da produção musical nos primórdios da televisão em Portugal. É docente de guitarra clássica na Fundação Salesianos e de Música na Escola Superior de Educação de Lisboa.
Layla Dari, natural de Nápoles, vivendo entre Florença e Lisboa por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Produção Musical e Artística pela Universidade de Florença (2012) e trabalhou como assistente de produção em diferentes festivais de música. É candidata a Doutoramento em História das Artes Performativas, ao abrigo do Programa Europeu Pegaso numa parceria entre o Departamento de História das Artes Performativas na Universidade de Florença e o Departamento de Ciências Musicais / Instituto de Etnomusicologia na FCSH/NOVA, com uma tese dedicada ao estudo de orquestras multiétnicas em Itália e em Portugal. É bolseira do Programa Europeu Pegaso através da região Toscana.
Maria de São José Côrte-Real, natural de Londres, a viver em Lisboa, é doutorada em Etnomusicologia pela Columbia University em Nova Iorque (2000) com uma tese dedicada ao estudo da relação entre política cultural e expressão musical em Portugal na mudança da ditadura para a democracia (1960-1986). É professora auxiliar no departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA, Universidade Nova de Lisboa, onde lecciona teoria e método da Etnomusicologia desde 2006. Antes lecionou na Universidade de Évora (2004-05), Universidade de Coimbra (2001-02) e Columbia University em Nova Iorque (1989-93). Estuda e publica em particular nos campos de relacionamento de música e política cultural, mobilidade e cognição, e educação intercultural. É coordenadora do ramo de Etnomusicologia do doutoramento financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) neste departamento. É co-autora e investigadora do projeto Timbila, Makwayela e Marrabenta: um século de representação musical de Moçambique. Concurso de Projetos de I&D (FCT). PTDC/CPC-MMU/6626/2014, e integra a comissão executiva do Observatório da Canção de Protesto desde a sua fundação. É Coordenadora de Mobilidade Internacional do Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA desde 2015/2016.
Pedro Mendes, natural de Lisboa, vivendo entre Lisboa e Maputo por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2016) com uma tese dedicada ao estudo da implementação dos programas de ensino do jazz em Portugal. É doutorando em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA e bolseiro no âmbito do programa “Música como Cultura e Cognição” financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, com uma tese dedicada ao estudo da articulação entre práticas musicais e a organização social e geográfica da cidade de Lourenço Marques nos últimos anos do período colonial. Integra a equipa internacional de investigação do projeto Timbila, Makwayela e Marrabenta: um século de representação musical de Moçambique. Concurso de Projetos de I&D (FCT). PTDC/CPC-MMU/6626/2014.
Maria Espírito Santo, natural de Lisboa, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2016) com uma tese dedicada ao estudo das relações entre música e identidade num coletivo de bandas que tocam música balcânica em Lisboa. É doutoranda em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo do fado e as revoluções políticas no século XX em Portugal. É bolseira no Curso de Doutoramento “Música como Cultura e Cognição”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Maria toca saxofone e canta fado.
Ricardo Andrade, natural de Gouveia, a viver em Almada, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2012) com uma tese dedicada ao estudo do rock progressivo/sinfónico em Portugal na década de 1970. É doutorando em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA, com uma tese dedicada ao estudo do fenómeno do “boom do rock português” de inícios da década de 1980. É bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Integra a direção da Associação Fernando Lopes-Graça.
Sofia Vieira Lopes, natural de Tomar, a viver em Lisboa por razões académicas e de trabalho de campo, é mestre em Etnomusicologia pela FCSH/NOVA (2012) com uma tese dedicada ao estudo do papel da música no programa televisivo Zip-Zip (RTP, 1969). É doutoranda em Etnomusicologia no departamento de Ciências Musicais da FCSH/NOVA com uma tese dedicada ao estudo do Festival RTP da Canção (RTP, 1964-2014). É bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Estudou clarinete na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais em Tomar.